quarta-feira, 6 de junho de 2012

Toalhas de mesa rasgadas



Faz um sol tão forte lá fora. Digo, chove lá fora tão bruscamente. Minto, faz uma ventania tão forte. Sinto que é noite e esses são só desejos insanos. Pobre. Pobre criança. O desejo aflito consome cada parte de mim, enquanto sorrio vagamente ao sol. Me pego desejando uma festa grande, copos de plástico, cabra cega, maconha, prostitutas, bebidas e um bom indie rock pra animar as coisas na medida certa. Ver todos assim dançando e sorrindo, cantando e pulando. Apenas sentir lhes a felicidade brotar e queimar em chamas altas e balanceadas. Encantadoras.  
Eles são tão sorridentes. Perguntam a mim : “Você já viu a lua hoje?”, ainda estou em duvida se é dia ou noite. Devo ter bebido um gole dessas misturadas que o chefe fez. E olhe só, o chefe chegou e me abraçou, sorrio e demos voltas no eixo de nossos corpos. Ele sorria pra mim tão claramente. Vestiu sua fantasia, me fez vestir a minha e nos jogamos na piscina sem lembrar que os celulares estavam ainda aqui no bolso. Imbecil. Ele me grita o mesmo xingamento por oras, até me abraçar forte e desejar um beijo. Nego.
A noite parece ter acabado de começar, mas consulto o relógio e novamente já passa das dez da manhã. Grito correndo com a garrafa de vodca pra cima que tá na hora, tá na hora, tá na hora, tá na hora. E eles fazem fila, tomam seus comprimidos, fumam seus cigarros, tapam as bolas, somem sob as mesas. Bad trip o que essa menina, levanta a porra da bunda dessa cadeira e vem dançar. É a última, última, música. Pula, grita, a tua mãe tá chegando ai. Vamos lá eu sei que consegue.
E pisco três ou quatro vezes, parece que todos já se foram. Só sobrou uma mocinha ali. Tão delicada, tão imperfeitinha. O que ela faz mesmo aqui? Nem lembro de tê-la convidado. Sorrio e ela me devora. Sim, ela era uma maquina preparada ao ataque. Sussurrou-me que estava me desejando desde o natal de noventa e três e agora eu não iria escapar. Sob a pele da ovelha havia um leão. E devorou-me a noite inteira. Sem pudor.
Menina má. 

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