Faz um
sol tão forte lá fora. Digo, chove lá fora tão bruscamente. Minto, faz uma
ventania tão forte. Sinto que é noite e esses são só desejos insanos. Pobre.
Pobre criança. O desejo aflito consome cada parte de mim, enquanto sorrio
vagamente ao sol. Me pego desejando uma festa grande, copos de plástico, cabra
cega, maconha, prostitutas, bebidas e um bom indie rock pra animar as coisas na
medida certa. Ver todos assim dançando e sorrindo, cantando e pulando. Apenas
sentir lhes a felicidade brotar e queimar em chamas altas e balanceadas.
Encantadoras.
Eles são
tão sorridentes. Perguntam a mim : “Você já viu a lua hoje?”, ainda estou em
duvida se é dia ou noite. Devo ter bebido um gole dessas misturadas que o chefe
fez. E olhe só, o chefe chegou e me abraçou, sorrio e demos voltas no eixo de
nossos corpos. Ele sorria pra mim tão claramente. Vestiu sua fantasia, me fez
vestir a minha e nos jogamos na piscina sem lembrar que os celulares estavam
ainda aqui no bolso. Imbecil. Ele me grita o mesmo xingamento por oras, até me
abraçar forte e desejar um beijo. Nego.
A noite
parece ter acabado de começar, mas consulto o relógio e novamente já passa das
dez da manhã. Grito correndo com a garrafa de vodca pra cima que tá na hora, tá
na hora, tá na hora, tá na hora. E eles fazem fila, tomam seus comprimidos,
fumam seus cigarros, tapam as bolas, somem sob as mesas. Bad trip o que essa
menina, levanta a porra da bunda dessa cadeira e vem dançar. É a última,
última, música. Pula, grita, a tua mãe tá chegando ai. Vamos lá eu sei que
consegue.
E pisco
três ou quatro vezes, parece que todos já se foram. Só sobrou uma mocinha ali.
Tão delicada, tão imperfeitinha. O que ela faz mesmo aqui? Nem lembro de tê-la
convidado. Sorrio e ela me devora. Sim, ela era uma maquina preparada ao
ataque. Sussurrou-me que estava me desejando desde o natal de noventa e três e
agora eu não iria escapar. Sob a pele da ovelha havia um leão. E devorou-me a
noite inteira. Sem pudor.
Menina
má.
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