terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Aos braços de Morfeu

Pensamentos regados a muito Caio Fernando. (Caio Fernando, pois só ele me faz retirar a ancora. Na verdade, só ele consegue me entender por completo sem me criticar pelos meus atos. Ele sabe, sou de leonino egocêntrico cheio de paixonite e necessitado de atenção. Cheio de teimosia. Ele sabe.) E me deite sob um grande carvalho antigo. Me cansei lendo, escutando músicas, vendo gente passar. Esgotei-me ao máximo, no entanto, meu pensamento era completamente entregue a ti. E nos último cinco minutos antes de não mais suportar meu cansaço eu fechei os olhos, respirei e rezei a Morfeu que pudesse me embalar em mais profundo devaneio contigo. Que pudesse dar-me o que me seria apenas uma boa lembrança cravada por ele em mim. Minha avó havia me dito pra fazer assim. E fiz. Ela sempre estava certa.

Deitei nos braços de Morfeu…

– Acorda pequeno. Não vamos perder tempo. Acorda.
– Não, não. Deixe-me sonhar contigo. Por favor, não me acorde. Foram horas seguidas apenas pensando em você.
– Ô meu pequeno, levanta e vem comigo. Pra que sonhos? Tu vais me ter pra uma vida inteira.
– Mas antes me deixa sonhar, anjo, deixa.
– Então sonha meu amor, sonha.

…e quando acordei…

Meus olhos sentiram o clarão. O primeiro raio do dia. Sentia os braços que me envolviam, o hálito quente que me soprava a nuca. E sentia aqueles olhos. Era um mar em dia de ressaca e queria me tragar pra dentro violentamente. E por muito tempo eu não quis abrir os olhos, se quer me dei ao trabalho de pensar. Segurava suas mãos nas minhas. Brincava com seus dedos e sentia seu sorriso apaixonado mesmo em sussurro ser quase gritado ao pé do meu ouvido. E abri os olhos. A culpa inteiramente sua que me fez querer te assistir pela janela da tua alma. Logo percebi que você não estava ali, mas um dos meus cobertores me cobria e ao meu livro de Caio estava logo ali ao meu lado com um bilhete sobre ele: “Então sonha meu amor, sonha” Então sorri, apenas.

…vaga-lumes visitavam a nossa casa.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dança para nós


E quando ela dança liberta os seus medos e se resume a si.




 Enquanto seus lábios querem me cativar vejo teus olhos submissos aos meus. Não te deixo render, mas não consigo nem mesmo resistir a ti. Vejo nossos corpos quase alucinados gritarem e girarem acompanhados de luzes psicodélicas, de ventos sussurrantes, das nossas mentes inertes nesta noite. Já vejo ali o sol querida, vejo que ele resolveu sorrir. Vamos para o centro, vamos dançar e aproveitar o fim da lua. Venha olhar ele nos abençoado, veja como ele nos cativa exatamente todos os dias nessa mesma hora. Aprenda com ele. Ele sabe o momento de chegar, o momento em de queimar e deixar marcas fortes, ele sabe o momento de ser calmo e então sair. Aprende.




 Vamos nos deixando e sinto tua pele fervilhar sobre a minha. A mansidão que me permito ter se esvai vagarosamente para dar espaço aos teus olhos sorridentes, aos teus dedos cuidadosos e aos teus suspiros. Ele de vai para dar espaço aos desejos da tua pele. Novamente estamos rendidos a nos mesmo. Você a mim, eu aos seus encantos. Esperamos nossos lábios aprenderem o caminho vagarosamente e então se você se esvai. Uma explosão de borboletas. Simples. Junto com o sol. Se vai. 





domingo, 26 de fevereiro de 2012

Fim de Tarde




E desta vez você sabia do que era capaz, ou talvez nem imaginasse, enquanto me fitava fixamente me fazendo lembrar do nosso fim de tarde em becos quando seus lábios completaram meu dia. Quando o seu ar fresco me percorria pelas veias. Tratei de recusar seus favores e seus amores, tratei de não querer me perder nestes teus encantos de tão poucos movimentos por tempo indeterminado. Não me permiti até chegar o momento em que não pude negar a mim mesmo que estávamos preparados para um acordo. Um carinho mútuo e um desejo de amar. Isso aos meus devaneios foi o suficiente para deixar-me a ilusão percorrer a mente.

Pobre de mim que deixei encantar por estes teus olhos violeta e esses lábios aveludados. Fui tolo acreditando em mais um estereotipo que se encaixa nesses humanoides famintos por saciar suas carnes fervilhantes e sedentas por gozo. E novamente, enquanto me deixo carregar por entre essas ruas românticas dos meus poetas boêmios percebo que a ilusão invadiu e ela toma espaço que não devia ocupar...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cala a Boca, Bárbara



Coube-nos amor em tanto silêncio deitados ao chão da sala assistindo um desses velhos filmes que se passa nas piores emissoras. O cigarro entre os dedos e as mentes tão inertes que se conectavam em mundo exclusivo nosso. Eram artistas da vida, palhaço e escritor, poeta e muambeiro, cigano e mímico. Dois em apenas um, como se não houvesse amanhã. Eram dois e mal sabiam que se cabiam em si.

A sala continuava intacta. O chão inteiramente de cerâmicas brancas, os móveis de vidro e as poltronas gastas. A televisão parecia pender ao ar depois de alguns tragos no cigarro de erva. Tudo era calmo, os carros não buzinavam mais, as pessoas se quer falavam. O silêncio era tão profundo que gritava historias de ninar do povo indígena que ninguém poderia saber. Fora tudo calmo de forma estagnada.

 Fora tudo interpretado depois de uns tragos no cigarro de erva.



— Cativa-me 
— Não posso...
 — E o que ainda estais faz aqui?
 — Estarei até me asseguras que me vais ser útil, apenas
— Não és tu romântico?
— Tu não és meu príncipe!

Respirar-te-ei




Enquanto o sol se acalma ao esperar que a lua chegue continuo aqui sentado no chão da sala tentando entender por quantas vezes esperar-te-ei até que resolvas dar o ar da graça. E até que perceba que tinha um encontro acendo - cigarros que me são incensos, borrifo seu perfume pelas almofadas e vou deixar o seu cheiro se espalhar em mim. Faço uma xicara de café e deposito-a sobre a mesa, deixo os cheiros irem se misturando e vou criando o script de tudo o que faríamos; de como te diria "eu te amo", de como te deixaria completamente excitado e depois cortaria completamente o seu barato dizendo que queria apenas dormir de conchinha. Só esta noite. 

E no meio dessas minhas atitudes me pergunto o motivo pelo qual ainda luto por nós, querido. É bem claro que eu te amo de forma que ninguém nunca vai conseguir, que todos os meus esforços e a minha vista grossa para teus erros é o mais belo sinal de que posso suportar qualquer coisa vinda de você contanto que chegue antes das três e meia, tome banho para tirar o cheiro de outrem e me abrace. 

Já me falaram que existem outros, mas se outros me fosse o suficiente para suprir a ti não teria coragem de trocar. Na verdade, não perdoaria a mim por ter acabado conosco. Nunca. E é por isso que continuo a nos empurrar assim vagarosamente até o momento em que você vai partir sem que eu tenha de ter o peso de ter proporcionado a tua partida. Assim você vai, e sabe, não vais fazer falta. Já faz tanto tempo que aprendi a te respirar que teu corpo é apenas um complemento dos meus sonhos ... sonh... son... sonos.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Ás vezes te odeio por quase um segundo
 Depois te amo mais
 Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
 Tudo que não me deixa em paz

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


Rascunhos de um Introspecto

Paixonites de nós dois não me existe mais. Mesmo que ilusões sejam-me permitidas criar ou deixar de criar. Não consigo nem mesmo uma dessas loucas paixões que estrangula os pulmões, dilata as pupilas, faz suor sangrar pelos poros quando se entreolham ou se sita o nome do amado. As pessoas não tem encanto, perderam tudo e agora me pergunto o que fazer com esses meus rascunhos que vivem espalhados pela casa. São todos sobre esse grande amor de noites longas, olhares fixos e lábios que apenas respiram, enquanto os corpos transbordam desejo. Não sei se os queimo, jogo no lixo ou pela janela pra ver se esses seres alienados tomam vontade de sentir de verdade. Sentir sem outros sentimentos camuflando o verdadeiro amor, sem cobrar juros. Sabe este amor que simplesmente vive?
 
Com tantas pessoas me surgindo pelo caminho lamento-me pelas minhas ilusões com esse mundo. Incrivelmente imaginei cheiro, gosto, sabor de cada momento, de vários lugares, mas tudo se tornou amarga derrota, silêncio inquietante e sem dizeres e mais um desses sonhos que nunca chegarei a concluir.

Amores se tornaram rotina de nós (lê-se: vocês e o mundo) que é uma necessidade de não se estar só, de não ter de se esquentar com cobertores. Tonou-se palavra vaga, clichê de conquistador barato. Eles que se perderam, vivem em desejo e ainda juram que é amor. ‘Nós’ se tornou apenas acoplar corpos desalinhados para suprir uma necessidade da carne. Coisa de animal, bicho do mato.

Agora me vejo aqui, desalinhado do contexto. Transcrito na historia errada e a culpa é de vocês. Culpa de terem feito tudo errado, ou quem sabe tão certo que não consigo acompanhar. Tudo é por motivo pelo qual ainda desconheço, mas sempre de vocês que resolvem inventar moda, acabam viciando e tornam o que um dia foi belo na diversão de vocês.

Tolos.

Tropeços de um Boêmio

Ele sorri. Simbolicamente apenas com os dentes, com o olhar ele chora e quem quer que queira se esforçar para entender saberia o quão ele estava cansado. Depois de tantas noites, de alguns lábios e de dois ou mais drinks ele não se suportava de pé. Não suportava seu romantismo barato do século passado. Continuava ali, se comportando como um boêmio de uma dessas décadas passadas aflito por não querer mais que um par de pernas e um rosto bonito. Continuava respirando seus versos mal feitos em noites longas. 

Caminhava ali, entre todos que se bebericavam e mergulhavam em seus devaneios transando. Não com aquela pessoa em especifico, mas com suas mentes que apenas gritavam por um pouco mais de gozo. Ele nunca soube ser assim. Nunca soube começar uma conversa, como cativar quem quer que lhe ocorra, como usar as palavras contornadas. Ele apenas aprendera a usar o silêncio, esse posso de palavras que grita em seu ouvido. Nos nossos.


Vida curta ao boêmio! 


Sonhou noite dessas com os dedos e os cabelos de um alguém. Desceu seu devaneio aos olhos e percebeu que era ali que mergulhava. Na alma, que lhe cativa além do que quer que sobre nos padrões de uma sociedade complexada e alienada, se tratando de beleza. Sempre fora assim que ele aprendera: pele-pele, olho-olho, respiração-suspiro. A praticar o silêncio. Nunca teve a chance de conhecer esse dom de contornar as palavras. Ele soube suspirar e nunca ninguém entende que isso é quase um pedido eloquente por um beijo. 


Boêmio, boêmio. Boêmio que se aventura nessas paixões loucas que apenas lhe ocorrem na mente. Apenas essas ilusões depois de um beijo, depois de juras feitas no silêncio cativante das janelas da alma. Boêmio que corre de braços abertos e se torna pássaro livre, que chuta o ar para dobra-lo e que continua preferindo acreditar em ninfas a nesse Deus propagado, que vive nessas paixões românticas, com tanto fervor e nunca, mas nunca efêmeras. Não em seus sonhos. 


Vida longa ao boêmio!