Lembro do meu indicador assim, silenciando teus lábios
enquanto meus olhos e os teus são soberanos. Pude desejar que neste mesmo
momento pudéssemos selar estes lábios que tão incessavelmente teimam em querer
um ao outro, mas somos tolos ainda, somos medrosos. E enquanto escuto de fundo
aquela nossa canção tocar fecho os olhos e recosto minha testa em seu ombro,
seus dedos são assim doados a minha cintura e podemos dançar vagarosamente no
corredor vazio. A tua camisa agora é minha, o teu calor é o que me aquece
enquanto a chuva banha tudo ao nosso redor e o frio natural congela muito mais que o
seu coração. A dança é melancólica como nossos nós na garganta, como esse meu
olhar morto. Vamos assim sendo banhados com a chuva logo que você me leva de
encontro ao mar, de encontro a si. E mergulho na curva do teu pescoço para não
perder teu cheiro e me sufocas em si. Então tomas as minhas mãos nas tuas, és
meu.
- Não solta a minha mão
- Eu sempre estarei segurando-a
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