sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cala a Boca, Bárbara



Coube-nos amor em tanto silêncio deitados ao chão da sala assistindo um desses velhos filmes que se passa nas piores emissoras. O cigarro entre os dedos e as mentes tão inertes que se conectavam em mundo exclusivo nosso. Eram artistas da vida, palhaço e escritor, poeta e muambeiro, cigano e mímico. Dois em apenas um, como se não houvesse amanhã. Eram dois e mal sabiam que se cabiam em si.

A sala continuava intacta. O chão inteiramente de cerâmicas brancas, os móveis de vidro e as poltronas gastas. A televisão parecia pender ao ar depois de alguns tragos no cigarro de erva. Tudo era calmo, os carros não buzinavam mais, as pessoas se quer falavam. O silêncio era tão profundo que gritava historias de ninar do povo indígena que ninguém poderia saber. Fora tudo calmo de forma estagnada.

 Fora tudo interpretado depois de uns tragos no cigarro de erva.

Um comentário:

  1. É de bom grado,
    ser participativa em ventura
    de boas palavras e enredo
    envolvente. Enredo cru.


    Estou a seguir-te.
    Um abraço!

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