quarta-feira, 25 de abril de 2012

Hey Lolita Hey


Os lábios já não possuem gosto, perderam aquele sabor de brilho labial de melancia logo depois do fim de outono. Se o brilho acabou? Estou mais satisfeito em acreditar que ela bem resolveu parar de usa-lo. Mulher já não lhe cabe ser nem mesmo em curtos devaneios. Agora se vestia de jovem, mas não tinha perfume caro e batom vermelho, era sabor de sabonete ao corpo e de boca nos lábios. Resolveu não ultrapassar as verdades de si.
E dois dias passaram deixando seu corpo cheio da sua própria essência. Esqueceu seus personagens, anseios, egos e desejos. Não havia salto alto e vestido tubinho vermelho. Tornou-se o puro. Comum em si sãos os olhares das vizinhas que não sabem dizer o que aconteceu com a dama do quatrocentos e dois. Houve boatos de que ela apaixonou o coração por um moço desses que deseja apenas uma noite de sexo. “Logo ela tão vivida?” repetia a velha rabugenta do cento e um, aninhando o buldogue.
Poucos sabem que não se doma os sentimentos. Mesmo ela, a sorridente senhora do quatrocentos e dois. Depois de tanto derrubar os homens feito dominó estava perdidamente sendo uma das peças de dominó de Romeu. A culpa era daquela maldita vontade de deixar que ele a beijasse os lábios de ponche de fruta e tocasse as curvas bronzeadas.
Noite passada fora abordada. Em vez de fazer todos caírem em seus jogos ela que estava caída e perdidamente apaixonada. E ele levou-a para o topo de um prédio, para as drogas de um bairro pobre, para o subúrbio do sexo e então jogou-a do prédio de quarenta andares. Fora o que pensou. Tomou uns goles da pequena, rolou-a e depois assistiu o pôr-do-sol aquecendo seu corpo ao dela em estocadas fortes e um olhar bruto.
Ela se perdeu. Nunca havia se encontrado com um bom jogador. Ele lhe domou e transformou a dama do quatrocentos e dois em uma jovem que não há abrigo que lhe segure. A jovem que parte de trem pra nunca mais voltar. Ele roubou-na de si. Mas saiba ela que precisava de um amor de verdade para cumprir o ditado da vida: “Ninguém passa nessa vida sem amar”.
E desde então não se reconhece a dama do quatrocentos e dois.

"I don't care what they say about me, because I know that it's l.o.v.e"

2 comentários:

  1. [Caralho! Muito foda!]
    Foi apenas nisto que pensei após terminar a leitura.

    Meu caro, porque não procuras publicar um livro? Criar contos com esta facilidade que tens, pode levar-te longe. E prometo, serei a primeira a compra-lo.

    PS: Esta semana lhe envio a foto.

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  2. adorei aqui *-* seguindo!
    se puder seguir de volta
    agradeço desde já *-*
    beeijo!

    http://brunnaforfuun.blogspot.com.br/

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