Os lábios já não possuem gosto,
perderam aquele sabor de brilho labial de melancia logo depois do fim de
outono. Se o brilho acabou? Estou mais satisfeito em acreditar que ela bem
resolveu parar de usa-lo. Mulher já não lhe cabe ser nem mesmo em curtos
devaneios. Agora se vestia de jovem, mas não tinha perfume caro e batom vermelho,
era sabor de sabonete ao corpo e de boca nos lábios. Resolveu não ultrapassar
as verdades de si.
E dois dias passaram deixando seu
corpo cheio da sua própria essência. Esqueceu seus personagens, anseios, egos e desejos. Não
havia salto alto e vestido tubinho vermelho. Tornou-se o puro. Comum em si sãos
os olhares das vizinhas que não sabem dizer o que aconteceu com a dama do
quatrocentos e dois. Houve boatos de que ela apaixonou o coração por um moço
desses que deseja apenas uma noite de sexo. “Logo ela tão vivida?” repetia a velha
rabugenta do cento e um, aninhando o buldogue.
Poucos sabem que não se doma os
sentimentos. Mesmo ela, a sorridente senhora do quatrocentos e dois. Depois de
tanto derrubar os homens feito dominó estava perdidamente sendo uma das peças
de dominó de Romeu. A culpa era daquela maldita vontade de deixar que ele a
beijasse os lábios de ponche de fruta e tocasse as curvas bronzeadas.
Noite passada fora abordada. Em vez
de fazer todos caírem em seus jogos ela que estava caída e perdidamente
apaixonada. E ele levou-a para o topo de um prédio, para as drogas de um bairro
pobre, para o subúrbio do sexo e então jogou-a do prédio de quarenta andares.
Fora o que pensou. Tomou uns goles da pequena, rolou-a e depois assistiu o
pôr-do-sol aquecendo seu corpo ao dela em estocadas fortes e um olhar bruto.
Ela se perdeu. Nunca havia se
encontrado com um bom jogador. Ele lhe domou e transformou a dama do
quatrocentos e dois em uma jovem que não há abrigo que lhe segure. A jovem que
parte de trem pra nunca mais voltar. Ele roubou-na de si. Mas saiba ela que precisava de um amor de verdade para cumprir o ditado da vida: “Ninguém passa
nessa vida sem amar”.
E desde então não se reconhece a dama do quatrocentos e dois.
[Caralho! Muito foda!]
ResponderExcluirFoi apenas nisto que pensei após terminar a leitura.
Meu caro, porque não procuras publicar um livro? Criar contos com esta facilidade que tens, pode levar-te longe. E prometo, serei a primeira a compra-lo.
PS: Esta semana lhe envio a foto.
adorei aqui *-* seguindo!
ResponderExcluirse puder seguir de volta
agradeço desde já *-*
beeijo!
http://brunnaforfuun.blogspot.com.br/