“Menina bonita bordada de flor
Eu vi primeiro
Todo encanto dessa moça
Todo encanto dessa moça”
Eu vi primeiro
Todo encanto dessa moça
Todo encanto dessa moça”
(Marcelo Camelo)
Para Jessica do Vale
Ela vai assim caminhando com o
cigarro na mão, que como incenso lhe permite misturar ao perfume um cheiro bom.
Os cabelos aloirados esvoaçam no tempo enquanto o sorriso encantador permite
que os batuques desse antigo Recife lhe rodeie para os pés descalços e o corpo
malemolente dance e encante os viventes.
Entre tropeços, pois não para de
dançar, ela se deixa rodear por esses boêmios amigos que sabem animar como
ninguém. Esses boêmios ao qual escolheu a dedo cada um.
Ele está ali sentando esperando-a
para aninharem os corpos. Sentado, admirando, sorrindo ao ver aquele leve
sorriso na face dela. E neste fim de tarde de domingo ela apenas dança para
ele, dança para o Chico da moeda e para si. As ruas desertas, pois tarde de
domingo no antigo Recife costumam ser vazia – dependendo do seu conhecimento
sobre a solidão
– são despertadas pelos sussurros de seu corpo e pelo perfume
que impregna eles. Queima, esvoaça e se desmancha no ar como incenso. Um último
olá aos amigos e um último cigarro para a flor.
Desde um último instante nunca se
vira tão maravilhada com o mundo. A mulher, que no fundo vai exalar sempre a
essência de uma menina, sonhou com os passeios de skate, a abertura do baú e
com os olhos do amado – amado Romeu rebelde.
O vento lhe cobre de beijos e as ruas levam-na
para longe de tudo. Lembrou que a sua paixão estava no pescoço e registou o
vestido rodado, os pés descalço no chão, o batom vermelho, o mangue, as artes
nas paredes e o pôr-do-sol que não há mais bonito que nesse tal de hellcife.
Como quem não quer nada, de um
prédio tão próximo alguém sussurra: “Vai
menina, te banha de mar e lama. Vai flor, me ensina a nadar.” E no
Manguebeat ela se dispõe a girar, sorrir, cantar, fotografar. Entre lama e mar
ela banha o desejo de apenas sorrir. Liberdade que lhe grita na mente do ser.
Batuque de maracatu que ela dança e se liberta.
Essa noite não esperava dormir
preenchida pelo que lhe suga a alma. Seus devaneios eram demasiados para que
ele pudesse suprir. Nesta noite não havia vinho, rosas, chocolate e gruta
molhada. Essa noite apenas cabia cigarros, cervejas, boêmios, sorrisos e
fotografia. Além do Chico da moeda é claro.
Flor que recita nos ventos poesias e
aos homens um desejo de lhe tomar com sua, entretanto, Julieta ama o Romeu.
Pertence. Aninha. Deseja. Uma cerveja acalma os pés e uns braços sossegam a
alma. Nada permanente.
Simplismente Jessica do Vale!! Poetisa, Confidente, companheira, Admirável. Grande mulher!
ResponderExcluirViste-nos http://aspirantesapoetasurbanos.blogspot.com.br/
Fico inteiramente grata por tão belas palavras, meu amigo. Vejo então, que me conheces tão bem, quanto eu mesma me conheço - ou penso me conhecer. De tão pouco contato que temos, consegues descrever-me clara e extritamente. Das vestes ao balanço que o corpo me trás nas ruas do novo|velho Recife Antigo; da bebida que embriaga-me ao amor que preenche-me qualquer vazio. Romeu e Julieta do século XXI, possamos afirmar. Sou grata por tuas palavras.
ResponderExcluir